Desce do salto “Maria”!
Maria é a maneira na qual a torcida do Clube Atlético Mineiro se refere à torcida do seu arqui-rival, o Cruzeiro.
Salto Alto é a expressão utilizada para descrever o time que, no futebol, entra em clima de já ganhou. Bom, acho que o título do post já está explicado.
É impossível não comentar o clássico deste dia 05 de fevereiro. Não vou me ater aos lances do jogo e sim ao espírito que envolve tudo isso. Não sei se conseguirei descrever o que penso nesse momento, mas vou tentar.
Já comentei por aqui a sensação de presenciar uma partida de futebol no Estádio, clássico não é melhor nem pior, é diferente. O dicionário Michaelis oferece dezoito definições para o verbete "clássico". Dentre elas, destaco duas:
1. diz-se de ou acontecimento famoso por se repetir periodicamente;
2. diz-se de ou partida disputada entre dois clubes ou equipes importantes.
Tenho a impressão de que o futebol atrai milhões de pessoas por refletir uma realidade que vivemos aqui fora sem que percebamos isso de forma racional. Talvez, muitos se identifiquem com essa realidade sintetizada nas quatro linhas e fora dela.
As torcidas de Atlético e Cruzeiro sempre foram rotuladas da seguinte maneira: O Cruzeiro tem o que chamamos de torcida de Elite. Vão ao estádio quando as coisas estão bem, detêm pode aquisitivo. É que chamaríamos de torcida chique.
Já a torcida Atleticana é tida como a torcida do povão, a chamada Massa – daí o termo Massa Alvinegra – uma torcida passional, movida pela emoção. Como diria o poeta e jornalista Roberto Drummmond em entrevista ao SPORTV há alguns anos: “uma torcida que tem o Atlético como um membro da família, uma religião, o Atlético é algo sagrado”.
Essa paixão da torcida atleticana pode ser comprovada pelos números: O atlético tem a maior média de público da história do Campeonato Brasileiro. Foi o primeiro clube a contabilizar 1 milhão de pagantes como mandante neste mesmo campeonato. Em 2004, com grandes chances de ser rebaixado à segunda divisão do Campeonato Brasileiro, teve, na última rodada, o maior público da competição.
Nestes 06 anos que freqüento o Estádio, fui a vários clássicos. Pela primeira vez a torcida do Cruzeiro compareceu em maior número. Óbvio que não queriam desperdiçar a chance de achincalhar o arqui-rival pela queda à segunda divisão.
É aí que o futebol mostra suas faces. O futebol não admite atitudes arrogantes. Tentativas de denegrir ou subestimar o adversário. Em clássico então, qualquer tentativa desta natureza parece ser repreendida pelos “Deuses” do Futebol com o resultado adverso e tornana-se um incentivo ao adversário.
Durante a semana o time do cruzeiro venceu o Democrata – que derrotou o galo por 3 a 0 - por 5 tentos a 2 e o Galo empatou com o Ipatinga. Isso aliado ao fato do galo ter sido rebaixado, causou um furor nos cruzeirenses que falavam em goleada. A venda de ingressos reforçou a idéia de que seria uma barbada para o time da Enseada das Garças.
Com exceção da fiel e apaixonada torcida do Galo, poucos apostavam numa vitória atleticana.
Porém, foi só a bola rolar para que as coisas mudassem. O Cruzeiro com sua torcida em maioria no estádio mandou bem até os 20 minutos de jogo, a partir daí, o Atlético e sua torcida fizeram jus à fama que têm: A raça, a garra e o grito de Gol preso na garganta alavancou uma reação dessas que só podemos conferir no futebol. Era a hora de fazer cada torcedor cruzeirense engolir a arrogância, a prepotência e se render à vibração atleticana dentro e fora das quatro linhas.
O cruzeiro, em cima do salto, querendo fazer jogadas de classe perdeu uma bola e num ataque fulminante Marques, em posição ilegal, explodiu o Mineirão com um gol que foi anulado. A partir deste momento, o silêncio tomou conta da torcida azul que passou a ver espantada a SUPERAÇÃO. Superação de um time que foi taxado de ruim, superação de garotos que defendem mais que a camisa do Clube. Superação de uma torcida que em número menor gritou sua paixão em alto e bom som para quem quisesse ouvir.
Os cruzeirenses pareciam não acreditar no que viam, os Meninos do Galo – como diz o técnico Lori Sandri – desbancaram o time azul. Faziam o mais simples: jogavam bola. Enquanto o cruzeiro fazia barulho, o Galo jogava bola e buscavam o Gol.
No segundo tempo, o Gol do cruzeiro veio como um balde de água fria, mas a euforia cruzeirense duraria pouco tempo. O Atleticano acredita sempre. Em poucos minutos veio a recompensa: o tremular da rede defendida por Fábio. Ramon, a nova estrela do time do Labareda, balançou as redes e fez ecoar o grito preso na garganta fazendo o Mineirão vir abaixo!! E diante da apresentação do time da Vila Olímpica, caiu por terra a arrogância, a prepotência, o favoritismo... ruiu a pose azul-celeste.
Não foi um simples empate. Foi a prova de que deve sempre haver humildade, respeito com tudo e com todos. Não se ache melhor que os outros, não subestime seu adversário.
Muito bem!
Ainda vou falar mais deste clássico especificamente.
Fica a lição: Nem tudo está perdido, busque forças sabe-se lá de onde, acredite (como nós atleticanos acreditamos, ou acha que fui ao estádio pensando em ver o Galo peder?)... Neste domingo, por mais adversas que fossem as circunstâncias, de alguma forma, acreditávamos na vitória.
Existem muitas semelhanças do nosso dia-a-dia com esse clássico.
Vencer, vencer, vencer!
Esse é o nosso ideal!
O trecho do hino atleticano já é uma síntese do nosso dia-a-dia! Ou você acha que não!?
CLUBE ATLÉTICO MINEIRO
UNS AMAM,
OUTROS ODEIAM,
TODOS RESPEITAM!!
"O Atlético não é um time de segunda divisão, o atlético ESTÁ na segunda divisão”
Rafael Miranda – Jogador do Galo
Claro e suscinto
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