E|ver|aldo: Em terra de surdo, cego é mudo

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Em terra de surdo, cego é mudo

Virou o ano, mas não virou o disco.

Como de costume, em janeiro, a Rede Globo exibe ao final do Fantástico, Pedro Bial no comando do Big Brother. A mesma ladainha de sempre, o disco não muda. Todos bons moços e moças, com discursos ensaiados, mostrando o que tem de bom e apontando de forma sutil a sujeira alheia a fim de colocá-lo no “paredão”.

Hoje, 1º de janeiro de 2006, não foi diferente. Pena que não teve duração de 2 meses para cair uma possível máscara da estrela noturna do programa Global.
A bola da vez não é o médico G, Jean Wilis ou Cléber Bambam e sim Luiz Inácio Lula da Silva. O Presidente da República Federativa do Brasil concede uma entrevista ao muy amigo do Grande Irmão (Big Brother): Pedro Bial.

Antes mesmo de começar a entrevista, os fervorosos simpatizantes da estrela vermelha irão tecer “ene” justificativas que podem vir a explicar um desempenho insatisfatório de Lula ante as perguntas de Bial. Irão dizer que é o poder de manipulação da Rede Globo; Que já se trata de uma tentativa da Globo de denegrir a imagem do presidente, antecipando um Campanha anti-Lula. Bom pessoal! Muita calma nessa hora: já disse aqui que a Rede Globo já não ostenta todo esse poder que lhe é atribuída. Acho que estamos superestimando o poder da Globo.

De outro lado, tem aqueles que vão detonar com o presidente antes mesmo de ouvir a autoridade máxima da nação. Eu, talvez, me encaixe neste último e dou agora meus argumentos.
Bom, não deve ser fácil conceder uma entrevista a maior rede de TV do Brasil para ir ao ar no primeiro dia do ano. Isso talvez justifique o bater de pés frenético do presidente sob a mesa. O Petistas dirão que foi proposital o posicionamento da câmera mostrar isso indicando o nervosismo de Lula, talvez até o seja, mas foi no mínimo curioso, enfim...

Lula disse em um dado momento que o PT é muito grande, e que cinco, dez, quinze ou trinta digamos “corruptos” não iriam acabariam com o partido. Isso me remete ao Brasil como um todo. Como assim? O PT obviamente, não é composto de picaretas, mas os picaretas que têm no PT se revelaram no alto escalão, ou cúpula, como preferirem, do partido. Na liderança, nas mãos de quem detém o comando. No país é a mesma coisa. Grande parte dos mais de 180 milhões de brasileiros é gente honesta que vai à luta. O problema da saúde, da educação, do emprego esbarra nos picaretas de gravata que comandam essa multidão. Os desvios que não deixam a verba chegar a hospitais ou o que seja.

Outra coisa que irrita no “discurso” de Lula e dos Petistas é tentar justificar o erro deles com erro dos outros. Tenha dó! Parece aquela história: todo mundo rouba, por que nós não podemos? Ora! Porque roubar é crime, para você e para os outros!! Pois bem, Lula insiste em retroagir a data de condutas nada convencionais alegando ser uma postura adquirida de governos anteriores. Não interessa! Erro adquirido é erro do mesmo jeito e tem de ser corrigido.

Interessante também foi quando Lula disse que as CPIs deverão justificar suas respectivas criações, ou seja, terão de fazer por onde para justificar a sua existência. Isso é o que eu chamo de jogar a responsabilidade para cima do outro. Se a CPI não encontrar nada (será?) não deveria ser instaurada então? Não! O papel é investigar, se for verdade o que a situação diz, as CPIs darão com os burros n’água, pois, segundo a situação, não há irregularidades e se há, não há provas. Parece que todos ficam nas tocas aguardando, se surgir alguma prova corre e põe na mesa a contra prova... vira um jogo de gato e rato, ou melhor, rato e rato.

Lula, o todo poderoso: “Aprovaram o mandato de quatro anos porque estavam com medo que eu ganhasse as eleições”. E depois aprovaram a reeleição.

Outro ponto curioso foi quando Lula afirmou que outro presidente seria melhor que Fernando Henrique Cardoso em seu segundo mandato. No mínimo leviana essa afirmação é como seu eu afirmasse que Serra seria melhor presidente que Lula. Não tenho como fazer essa afirmação.

“A Polícia Federal trabalhou em 2005 o que ela não trabalhou nos últimos 20 anos” Talvez porque vimos em 2005 sujeira como não se viu nos últimos 20 anos! Isso é outra coisa que irrita. Ser honesto, investigar, apurar passou a ser virtude. Isso é obrigação. Não fazem nada mais que obrigação. Honestidade de político é obrigação e não virtude.

Político deve ser surdo: pergunta abacate ele responde chuchu e emenda vendendo o peixe. A toda pergunta, Lula consegue encaixar de forma magistral uma fala exaltando um feito de seu governo na área social, econômica etc.

Na educação Lula afirmou que estão sendo construídas cinco novas Universidades Federais, ótimo, mas não seria melhor oferecer suporte às que estão em atividade? As Universidades Federais, o CEFET-MG, ficaram 100 dias em greve.

Pra encerrar, uma observação que fiz no que Lula disse no final da entrevista: “Quero pegar meus números e comparar(...)” já basta. Isso é o que me preocupa e me decepciona, não só em Lula, mas em praticamente todos os governantes. Não se faz governo para a população e sim para os adversários. Ficamos aqui embaixo, como marionetes, usados para que os poderosos possam se armar de números para que, nas campanhas, deitem e rolem.

Somos meros números. Os políticos governam para outros políticos, assim, podemos continuar sendo assaltados, podemos continuar morrendo nas filas de hospitais, podemos continuar sem condições de transporte, saúde, educação, emprego... minando a esperança (lembra? Aquela que venceria o medo)...

Tomemos cuidado com Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno, Kaká, Adriano, Robinho e Cia. Estes podem nos causar um grande mal caso tragam a sexta estrela para a camisa amarela: a cortina de “alegria” que nos venda os olhos. Não é por acaso que a Copa do Mundo ocorre no mesmo ano das eleições.

2006 promete: Carnaval, Copa do Mundo, Eleições, aquecimento para os Jogos Pan Americanos no ano que vem... enquanto isso agonizamos social e politicamente aos gritos de gol de Galvão Bueno amando odiá-lo.

Se alguém se lembra do último programa Roda Viva do qual Lula participou, o tom das repostas foi o mesmo: jogar a responsabilidade para cima dos outros, julgar o governo alheio, não assumir os erros, minimizar os problemas, justificar seu erros com os erros dos outros, Lula não viu nada, não sabe de nada, não tem culpa de nada e NÃO está preocupado com reeleição. Em terra de surdo, cego é mudo. O pior cego é aquele que não quer ver.

Postado por Everaldo Vilela : segunda-feira, 2 de janeiro de 2006 às 10:35 • Link deste post

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