Bom, nada como um espaço numa grande publicação para destilar o veneno.
Laurindo Lalo Leal Filho – sociólogo, jornalista e professor da Escola de Comunicação e Artes da USP, publicou uma crônica na Revista Carta Capital que deu o que falar. Ele e outros professores visitaram a redação do Jornal Nacional. Durante a visita matinal, acompanharam uma reunião de pauta do famigerado Jornal. William Bonner, editor chefe do Jornal Nacional conduziu a reunião que decidira o que ia ao ar naquele dia. Antes porém, Bonner, comentou com os visitantes sobre uma pesquisa e se referiu ao público médio espectador do Jornal Nacional como Homer Simpson.
Eis que surge a subjetividade que gerou toda a confusão: Para o professor, Homer Simpson é preguiçoso, burro e passa o tempo no sofá, comendo rosquinhas e bebendo cerveja (aff).
Diante dessa interpretação, e munido da sensação de amar odiar a Rede Globo, a história deu o que falar.
“Em palestras que ministro a estudantes que nos visitam todas as semanas, faço o mesmo. Nestas ocasioes, sempre abordo, por exemplo, a necessidade de sermos rigorosamente claros no que escrevemos para o público. Brasileiros de todos os níveis sociais, dos mais diferentes graus de escolaridade. E o didatismo que buscamos para o público de menor escolaridade nao deve aborrecer os que estudaram mais. Neste desafio, como exemplo do que seria o público médio nessa gama imensa, às vezes cito o personagem Lineu, de A Grande Família. Às vezes, Homer, de Os Simpsons. Nos dois casos, refiro-me a pais de família, trabalhadores, protetores, conservadores, sem curso superior, que assistem à TV depois da jornada de trabalho. No fim do dia, cansados, querem se informar sobre os fatos mais relevantes do dia de maneira clara e objetiva. Este é o Homer de que falo.
Mas o Professor Laurindo tem uma visao diferente de Homer. Em vez do trabalhador (numa usina nuclear), o acadêmico o vê como um preguiçoso. Em vez do chefe de família, o Professor Laurindo o vê como um comedor de biscoitos. Esta imagem nao é a que tenho, nao é a disponível, num texto bem-humorado, no site oficial da série Os Simpsons, que faz graça do personagem, mas registra que Homer é 'um marido devotado e que, apesar de poucas fraquezas, ama a sua família e é capaz de tudo para provar isso, mesmo que isso signifique se fazer passar por tolo'...".
Muito bem. Na minha opinião, damos mais poder à rede Globo do que ela realmente tem. Amamos odiá-la.
Mais curioso nessa história toda, é que Homer Simpson é querido por muitos brasileiros e, o ato de cortar ou colocar uma matéria num jornal é inerente a qualquer Editor de Jornal seja onde for. O questionamento se dá, talvez, por não concordarmos com o que de fato é relevante. Mas isso é extremamente subjetivo, o que é relevante para o Editor chefe do JN pode não ser para mim. Será que se o mesmo acontecesse com o editor chefe do Jornal da Record teríamos a mesma repercussão?
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