A "conversa" será extensa. Não foi um clássico qualquer.
Não é novidade para ninguém que sou atleticano - doente. Costumo dizer que torcer para o Atlético é um "mal" irremediável. Frequentador assíduo e consciente do Mineirão, acompanho desde 1999 as andanças do Galo pelo futebol.

A queda para a segunda divisão em 2005 era o episódio mais marcante. Comentei na época o ocorrido. De lá para cá, foram vários clássicos. E neste 29 de abril a história mudou.
Voltaremos um pouco no tempo para refrescar a memória. Este post será pontuado por tópicos que seguem:

• A SUPERAÇÃO
Para muitos a queda para a segundona decretaria o fim do Galo. Não foi assim, pelo contrário, foi um recomeço. A diretoria tomou uma nova postura, o time passou a ser composto por jogadores da categoria de base - sonho de todo clube de futebol; A torcida, que para muitos iria se afastar do clube, aproximou-se ainda mais e apoiou o time no momento difícil e tornou-se um fenômeno em 2006 ganhando destaque na mídia e registrando o maior público do futebol brasileiro em 2006.

• TIME DA SÉRIE B
Em 2006 vários cruzeirenses me disseram que o time do Atlético era ruim. Subestimavam a capacidade do time por estar na série B. O que aliás é muito comum. Fato é que muitos times da série B jogam tão bem ou melhor que equipes da série A - que anda nivelada por baixo.

Os jogadores da categoria de base se difenciam em muitos clubes por jogar com o que chamamos no futebol de "amor à camisa" que é aquele sentimento destruído pelos empresários e cartolas do futebol. O amor à camisa foi cobrado pela torcida do Cruzeiro.

Ironicamente o time que destruiu o cruzeiro neste clássico é praticamente o mesmo time da série B. Com exceção do lateral direito Coelho e do lateral esquerdo Ricardinho que substituiu Ricardo Feltri - os demais jogadores que iniciaram a partida (Diego, Lima, Marcos, Rafael Miranda, Bilu, Marcinho, Danilinho, Éder Luis e Galvão) eram as peças do time de 2006.

Resumindo, o Cruzeiro levou um chocolate do time que subestimou há pouco tempo atrás.

• MOTIVAÇÃO
Conversava outro dia com um colega da faculdade sobre a motivação de um time de futebol e o quanto isso pode interferir no resultado de um jogo.

Recentemente, o Fluminense conquistou o campeonato carioca. Momentos antes da partida os jogadores assistiram um vídeo produzido pelo clube exibindo os filhos, esposas, mães e pais dos jogadores incentivando.

Na copa de 2002, o vídeoclipe com a música "Festa" de Ivete Sangalo foi exibido para os jogadores no intuito de motivar a equipe.

Os jogadores do atual elenco do Galo, além da necessidade de provar que são capazes trazem consigo o estigma da base dito anteriormente: amor à camisa. Senão amor, pelo menos honrar o clube que os revelou. O volante Rafael Miranda e o atacante Tchô eram torcedores do Galo.
Em 2005, ano em que o Galo caiu, os então Juniores do Galo conquistaram um título sobre o rival. ESTE VÍDEO demonstra o espírito de luta e a motivação dos jogadores. Repare na conversa e na comemoração dentro do vestiário. Alguns jogadores viriam a ser os responsáveis pelo retorno do Galo e também da vitória do útlimo clássico.

• O JOGO
O Galo foi impecável. Goleou, tirou a vantagem e colocou a mão na taça que só escorrerá pelos dedos se ocorrer uma tragédia. . Com um 4 a 0 incontestável. Um gol espetacular de Danilinho dando um chapéu no goleiro Fábio que nem viu a bola entar no quarto Gol.
A torcida alvinegra era maioria mais uma vez e festejou como nunca a "surra" no rival. Um misto de alma lavada com acerto de contas, o típico Galo Forte Vingador.

• A REPERCURSÃO
O quarto gol do Galo virou notícia no mundo inteiro. Um vídeo da CNN em turco, no site da Fifa. Nos programas de debate tem gerado polêmica.
Tanto que o vídeo do lance bizarro em que o goleiro do cruzeiro está de costas para a bola figura entre os mais vistos no youtube nesta terça-feira (figura ao lado).
Toda a crônica esportiva de MG reconhece a vitória atleticana com louvor.

• A ACEITAÇÃO
Em todo esporte, em toda disputa saber perder e reconhecer a derrota é tão importante quanto saber ganhar. Os dirigentes cruzeirenses, num primeiro momento aceitaram e reconheceram a derrota. Ainda que a contestação do pênalti em Marcinho viesse, os dirigentes do clube da enseada das Garças afirmaram que seria muito difícil reverter a vantagem de 2 a 0 no placar.

Ao que tudo indica, no baixar da poeira, os dirigentes agora contestam a atuação do árbitro que foi elogiado por todos. Inclusive investigam uma suposta comemoração do árbitro que, segundo eles, seria atleticano numa tentativa frustrada e medíocre de justificar o vexame.

•AFUNDANDO O RIVAL EM UMA CRISE
Perder um clássico causa um estrago sem tamanhos. Bastou o Galo massacrar para a crise estourar na Enseada das Garças.
A matéria "Élson abre a caixa-preta do Cruzeiro e revela ‘podres’ do elenco" caiu como uma bomba no dia seguinte ao vexame azul-celeste. Quando li a matéria me recordei do Galo de 2005. A situação é semelhante: o time não apresenta futebol algum e jogadores aproveitam as baladas. A diretoria do cruzeiro parece querer colcoar panos quentes na história. Mais uma vez não reconhecem seus problemas.
O goleiro Fábio apareceu hoje com uma proteção na perna esquera e ficará parado por 6 meses. Uma lesão tão grave não tirou o jogador de campo? Ou será uma punição ao jogador? É no mínimo estranho. O cruzeiro vende uma imagem de clube organizado e disciplinador. Não é o que parece. Mas isso é problema deles. Durma com esse barulho.

•A EUFORIA
Eu não consegui ingresso para a arquibancada superior. Felizmente, na tarde de 29 de abril eu estava na cadeira de setor. Uma visão privilegiada da grande área onde o galo fez tremer por quatro vezes a rede do rival. Comigo, milhares de outros torcedores foram ao delírio com o golaço do pequeno Grande Danilinho. Uma pintura. O famoso Gol de Placa!
Como bem disse um amigo de faculdade: "Tem coisas q soh se vê uma vez no Mineirão... " e eu vi.

• A FESTA
O Galo que há muito tempo não comemorava um título pode fazer a festa pela segunda vez em menos de cinco meses. Será semelhante à conquista da série B - com uma semana de festa pré-título. Os mais cautelosos esperam o final do próximo jogo para comemorar. Em futebol, tudo pode acontecer. Mas para a grande maioria o caneco vai para a galeria da Sede de Loudes. Já está armando a festa para levantar a taça.
Ganhar um título é bom, em cima do rival é melhor ainda.

• OS REGISTROS
Eu já comentei aqui sobre a quantidade de registros que podemos encontrar com o advento de câmeras digitais e celuares que tiram fotos e filmam.
Já no domingo, ao chegar do estádio, pude ver os gols da vitória no Youtube. Dezenas de fotos no site da Torcida Organizada Galoucura. E muitos ainda estão por vir.
A internet permite outra situação curiosa através das comunidades no orkut: ver a discussão dos rivais. Parece que estamos pisando no terrreno do inimgo. Na comunidade do cruzeiro os atleticanos 'espiam' e se divertem com o "sofrimento" alheio.
Na comunidade do Galo no Orkut uma avalanche de tópicos sobre o clássico movimenta a comunidade.

•AS MELHORES PIADAS (INFAMES)
Clássico que se preze tem piadas pós massacre:
- Alemão do BBB será contratado pelo cruzeiro, afinal, só ele consegue escapara de uma eliminação por semana
- PROMOÇÃO: Torcedor cruzeirense que comprar a camisa do goleiro Fábio levará de brinde um chapéu do Danilinho...

Vida que segue. Quarta-feira é o Botafogo e mais 23mil já garantiram presença no Gigante da Pampulha.