O jornal mineiro Diário da Tarde foi o primeiro jornal que aprendi a ler.

Com 77 anos o jornal será extinto. Ao ver a notícia, me lembrei de uma visita feita à redação do Estado de Minas/Diário da Tarde, no meu segundo período do curso de Comunicação. Na ocasião a funcionária que guiou a visita fez um comentário que não me recordo literalmente, mas que nas entrelinhas dizia que o Diário da Tarde tinha dias de príncipe e dias de plebeu. Ora era fantástico, ora era ruim.

Há um discurso pregando que o jornal impresso está com os dias contados. O Diário da Tarde não acabou em função disso. O principal concorrente dos Associados [Estado de Minas e Diário da Tarde] lançou um jornal popular: o SUPERNOTÍCIA. Onde quer que você vá certamente verá um vendedor deste jornal pelas ruas e verá uma edição deste à disposição.

Para entrar na briga o Associados lançou o AQUI, que segue o mesmo formato. O lançamento do AQUI deixou o Diário da Tarde no meio termo. Não era nem "de ponta" como o Estado de Minas nem popular como o AQUI.

E nessa toada o Diário da Tarde está sendo extinto. Segundo o Editorial da edição de hoje haverá uma fusão do Diário da Tarde com o AQUI.

Segue o editorial de hoje:

EDITORIAL

O desafio de crescerOs Associados Minas sempre primaram por iniciativas que possam levar suas empresas a resultados compatíveis com a realidade econômica e social do estado e do país. Por isso, hoje, damos um passo fundamental de gestão para o maior complexo de comunicação do estado. Um novo capítulo começa para o grupo. Novos tempos exigem deliberações medulares para que os negócios avancem em terreno firme, coadunado com os anseios da própria sociedade. Eles exigem sacrifícios. Precisamos investir pesado em tecnologia e em produtos que nos permitam cada vez mais crescer e nos colocar fortes no novo e promissor mercado da comunicação. Desde o advento do satélite, da antena parabólica e, mais recentemente, da internet, o mundo ficou ao alcance de todos, aumentando, de forma substantiva, o desafio às empresas de comunicação, especialmente à mídia impressa. É premissa básica, pois, investir em outras mídias e conteúdos diferenciados. Depois de vários estudos, chegamos à conclusão de que precisávamos mexer no nosso mix de produtos para fazer face às mudanças do mercado de comunicação, do estado e do país.

Os Associados Minas precisam acompanhar as inovações e suas tendências de consumo e a reestruturação é, portanto, vital para o crescimento do grupo. Depois de avaliar o nosso conjunto de produtos, concluímos que é preciso ajustar dois deles, diversificar nosso portfólio e buscar novos consumidores de informação, tendência observada hoje no exterior. Uma decisão importante se fez imperiosa. O Diário da Tarde, depois de 77 anos de vida, vai se somar ao arrojado projeto do Aqui. A fusão os fará mais fortes e dará novo rumo aos negócios do grupo Associados. O jovem Aqui, lançado há quase dois anos, levará para as bancas o consagrado conteúdo do DT, numa estratégia arrojada de atrair novos leitores e buscar um melhor desempenho. Tempos modernos, de economia globalizada, de hábitos e comportamentos sociais em permanente mutação, exigem ousadia, por meio de medidas que atraem respostas rápidas, com responsabilidade e seriedade. Decisões são importantes e devem ser pautadas em projetos consubstanciados no compromisso de melhorar cada vez mais o funcionamento de uma organização como a dos Associados Minas. Sem elas, não conseguiremos crescer, dar passos sóbrios e decididos, com a altivez que sempre foi a marca característica do grupo "à frente o Estado de Minas, TV Alterosa e portal UAI" ao longo de sua existência. A partir do dia 30, um novo Aqui chegará às bancas, com o que há de melhor do DT.

O desafio está posto e os leitores podem ter a certeza de que a decisão tomada é fruto de amadurecimento empresarial, para que possamos estar de mãos dadas com os tempos modernos que vivemos. A comunicação, hoje, acossada pelas exigências de mercado, exige uma nova dinâmica de gestão. E é com base nisso que estamos dando mais esse decisivo passo, sustentado pela inarredável convicção de que somos um grupo de empresas sintonizado com as alternâncias econômicas e sociais, mirando sempre o crescimento e a modernização. Nesse caso, quem sairá ganhando será o nosso principal alvo, o leitor.